Tags

, , , , , , , , , , , , ,

Nesse momento 08/02/2024 parei de escrever o artigo que iniciei para dar um pouco de atenção a este momento significativo. Entrei em certo questionamento.

Sabe quando ficamos conflitantes consigo próprio, como se estivéssemos divididos em duas partes?

Existe um símbolo, vindo dos Alquimistas, que me fez pensar sobre isso: os dois pássaros. Eis que encontrei dois pássaros, um sem vida e um com vida! Poderia pensar em inúmeros fatores ou somente ao acaso de um dia quente e seco, mas busquei resposta e as encontrei nessa dissertação breve.


É para onde esse Velho Sábio aponta, no livro aberto. Símbolo do pássaro.

Nas antigas tradições, o pássaro é considerado um intermediário entre o céu e a terra e como um ser de duas naturezas, uma representação celeste e outra representação terrestre.

Essa gravura nos mostra esta dupla natureza como dois pássaros: um com asas, que é o de natureza celeste, representação do espírito que quer voar para o alto, e outro sem asas, terrestre, ligado as emoções e a nossa vida corpórea.

Os dois se bicam, porque o terrestre puxa o celeste para baixo, e vice versa. 

Então, além de outras interpretações, essa figura pode ser vista como a representação de um conflito: no mesmo lugar há duas tendências contraditórias.

Como acontece dentro da gente, os dois pássaros estão ligados num só contexto, de forma ovalada, quase circular.

Simbolismo do círculo

Para os junguianos, o circulo é uma representação do Si-mesmo; em outra leitura, é a nossa Totalidade. Então, se estamos divididos num conflito interno, não é a simples opção por um dos lados – por um dos pássaros – que vai resolver de verdade o caso, porque algo de nós vai ficar de fora.

Dar um passo para trás 

Marie Louise Von Franz nos aconselha a deixarmos um problema “cozinhar no próprio caldo”, ou seja, a não procurarmos afoitamente uma saída externa e imediata, mas de aguentarmos a tensão trazendo para dentro e sustentando o problema, simplesmente observando os dois pássaros, sem nos identificarmos com nenhum dos dois e sim com o círculo.

Integrar os opostos


Assim, a resposta poderá vir não da derrota de um dos lados, mas da integração de ambos. Por exemplo, o fim da luta dos pássaros terrestre e celeste poderá ser a “espiritualização da matéria e a materialização do espírito”, como disse ainda a Von Franz.

Um modo de integração de opostos é procurar enxergar o simbólico numa situação concreta, por exemplo perguntando-se coisas como:

O que isso está simbolizando? Para além do fato concreto, o que esta dizendo sobre mim, quais novas qualidades e condições está exigindo?

E inversamente, concretizar o simbólico – por exemplo, quando desenhamos, escrevemos e trabalhamos com os sonhos.

Também é isso o que fazem os rituais: materializam em ações e/ou palavras o simbólico, os sentimentos e intenções.

Num assunto mais cotidiano, outro modo de trabalhar isso é procurar a emoção oposta a que está nos dominando.

Por exemplo, quando estamos sentindo muita raiva de alguém ou de alguma coisa, tentar lembrar a sensação de uma calma frieza. 

Se conseguirmos assim alternar as emoções, evocando suas polaridades opostas, nós não nos identificamos com nenhuma das duas (com nenhum dos dois pássaros) e sim com nosso eixo (o circulo). É dali que as decisões devem partir, inclusive a respeito da situação que despertou a tal raiva.

E agora você deve ter lembrado de outro famoso círculo que une polaridades: o símbolo do TAO e seu duplo peixe, cada um contendo a semente de seu oposto.

TAO, Zen, Alquimia, Psicologia

Num conflito interno, nossa ansiedade já quer partir logo para uma “solução” qualquer, que nos leva a ser menos do que poderíamos ser.

Conseguir participar das dores e alegrias do mundo e ao mesmo tempo sermos também uma fria testemunha que apenas observa o que acontece parece a chave para a vivência plena de nossas possibilidades, de nossa grandeza e de nossa integridade. 

Ou seja para a totalidade.

Isso é o que vem dizendo a tradicional sabedoria humana, desde o taoísmo, há mil anos antes de Cristo, passando pelo Zen no séc VIII, pelos alquimistas do séc XV, chegando até a uma psicóloga suíça do séc XX…